A
forma e a intensidade da fé têm grande importância. A fé é algo que
se desenvolve mediante o uso. Ela precisa ser desenvolvida. Assim, a fé pode
aumentar e ser fortalecida. Há níveis variados de fé, pois há níveis variados
de desenvolvimento da alma. Por isso, fazem sentido expressões bíblicas tais
como: “Homens de pouca fé”; “Geração incrédula”; “Fé do
tamanho de um grão de mostarda”; “Mulher, grande é a tua fé”; “Nem
mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Dos pedidos que os discípulos
fizeram ao Mestre Jesus Cristo, dois se destacam.
O
primeiro é “ensina-nos a orar”; e o segundo, “aumenta-nos a fé”.
Esta
questão da forma e da intensidade da fé pode ser percebida de maneira bem
nítida nas palavras e Jesus dirigidas a
Tomé, no segundo domingo após a ressurreição. Como sabemos, Tomé esteve ausente
na reunião do primeiro domingo (o que já constitui um ponto negativo) e não
creu na notícia de que Jesus havia ressuscitado dentre os mortos.
Após
haver contemplado o Senhor, colocado o dedo nas feridas dos cravos em suas mãos
e apalpado as chagas do seu lado, Tomé creu. E disse-lhe Jesus: “Porque me
viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29).
De
fato, a fé bíblica é a confiança que temos no testemunho que Deus manifesta
acerca de Si mesmo. Ao crente basta a Palavra de Deus.
Deus
falou a Abraão, e este creu. Lamentavelmente, vivemos um tempo em que a geração
incrédula e adúltera pede e busca sinais a fim de crer.
Escrevendo
sobre questões relacionadas à esfera da liberdade cristã, o apóstolo Paulo
disse aos romanos: “Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado,
porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado” (Rm 14.23 - ARC). A nossa
fraqueza nasce de nossa falta de convicções arraigadas. Precisamos de homens
com fé inabalável na Palavra do Senhor, com coragem para tomar posição em sua
proclamação e defesa e com disposição e tenacidade para assumir os custos de
tal decisão. Afinal, uma bigorna não tem medo dos martelos, e, como alguém já
disse, “razões fortes levam a decisões enérgicas”.
Walt
Disney criou um personagem que ele entendeu representar bem o Brasil. Foi o Zé
Carioca. Um papagaio que caracteriza o carioca típico dos morros da cidade
do Rio. De fato, o papagaio é uma ave bem brasileira. A singularidade dessa ave
é que, por via de regra, imita bem a voz humana. Todavia, é um mero repetidor
do que ouve constantemente.
Também,
em religião, os “papagaios” proliferam em nosso país. Estes repetem idéias que
têm ouvido desde o berço ou práticas e doutrinas da moda, sem jamais terem
chegado a uma experiência pessoal com Deus.
Quando
Pilatos interpelou Jesus, com as palavras “És tu o rei dos judeus?”, Jesus
respondeu ao governador, fazendo outra pergunta: “Dizes isso de ti mesmo, ou
disseram-to outros de mim?” Ecoar o que se ouve, sem uma fixação pessoal, é
tornar-se um papagaio.
Este
é um sintoma alarmante de nossa época: muita gente “ecoando” um cristianismo
que não passou da gravação, na memória, de algumas respostas do catecismo e
alguns textos ou referências da Bíblia. Fé viva na Palavra e vivência com Deus
nunca foram experimentadas por tais pessoas. E, quando chegam as horas
difíceis, em que a vida espiritual tem de passar por uma prova de fogo, a “religião
de segunda mão” não oferece o apoio de que precisa o “religioso”, que entra em
pane e atola.
Necessitamos
de uma geração de homens “religiosos de primeira mão”, que falem ou cantem o
que afirma o Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor...” Como você crê? Como
andam as suas convicções?
O
conhecimento da verdade deve nos levar à convicção da verdade.
Jesus
lançou a seguinte pergunta ao povo, acerca de João Batista: “Que fostes ver
no deserto? Uma cana agitado pelo vento? ... Mas, então que fostes ver?
Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta” (Mt
11.7-9 - ARC).
É
terrível quando ouvimos a respeito de alguém: “Ele nunca tem opinião própria;
costuma adotar a que estiver em voga”.
Eis aí um caniço agitado pelo vento. O profeta do Senhor não é aquele que
se
orienta pelo catavento da opinião pública, mas pela bússola da convicção bíblica.
O nosso mundo é rico em ilusões, e, por vezes, nos deixamos iludir por ele.
Somos tentados a preferir o caminho fácil e seguir o curso da multidão. Porém,
aqueles que têm por filosofia de vida acompanhar as multidões freqüentemente se
perdem no meio delas. Spurgeon um dia concluiu sobre a insanidade de alguém se
guiar pela popularidade e disse:
“Já
faz muito tempo que parei de contar cabeças. Geralmente a verdade está com a
minoria neste mundo mau”.
O
mundo carece de homens que crêem naquilo que pregam. Nos tempos da bastilha
francesa, Mirabeu falou de Robespiere, quando este fazia um discurso: “Este
homem vai longe; ele acredita naquilo que diz!”
É
lamentável dizer, mas há muitos de nossos pregadores e teólogos que simplesmente
não crêem naquilo que pregam. Se crêem, a forma como pregam parece negar-lhes a
eficácia de sua fé.
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