O
texto para a mensagem de hoje está no evangelho segundo São Mateus capítulo
27,versículo 46.
"Por
volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá
sabactâni, que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? E
alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Ele chama por Elias. E logo
um deles correu a buscar uma esponja, e, tendo-a embebido de vinagre e
colocado na ponta de um caniço, deu-lhe a beber. Os outros, porém, diziam:
Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo." (Mateus 27:46 a 49).
O
texto que acabo de ler, relata o momento mais doloroso na vida de Cristo.
Pregado na cruz e impossibilitado de se mexer, estava aí pagando o preço de
nossa culpa.
"Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Alguns comentadores bíblicos
dizem que na agonia, Jesus começou a delirar e não sabia o que estava
falando. Outros argumentam que o sofrimento físico era tão grande que aquela
exclamação de abandono foi, praticamente, arrancada de seus lábios por causa
da dor.
Pessoalmente
não concordo com essas duas maneiras de interpretar o clamor de Jesus.
Primeiro porque Jesus esteve consciente até o último minuto de sua vida.
Tanto assim que depois, Ele disse, "Está completo o trabalho da salvação",
"está consumado". Ele estava plenamente consciente, não delirava.
Em
segundo lugar: é verdade que o sofrimento físico era terrível, mas mesmo
assim em sua mente não existia a menor dúvida de que estava chegando ao
sacrifício para salvar aquilo que Ele mais amava neste mundo: o ser humano.
Sendo assim, a idéia de salvar o homem sublimava o sofrimento. A expressão de
abandono não foi arrancada de seus lábios pela dor, embora a dor física
estivesse bem presente na cruz.
Mas
então, o que significa aquele clamor de abandono? Pergunto de outra maneira.
Pode Deus abandonar seus filhos no momento em que eles mais precisam dEle? E
se a vida de Jesus foi uma vida de permanente comunhão com seu Pai, por que
Deus O abandonaria na hora mais difícil? Ele não abandonou o povo de Israel
quando estava diante do mar vermelho. Não abandonou os três jovens hebreus na
fornalha ardente. Não abandonou a Daniel na cova dos leões. Ele promete que
nunca nos abandonará, que nunca nos deixará. Ele diz até que uma mãe pode se esquecer
do filho que deu à luz, mas Deus nunca se esquecerá de nós. Como é então que,
no momento mais crítico, o Pai se esquece de Jesus? Em que sentido Deus se
afastou do filho? Vamos tentar explicar este assunto.
Primeiro:
essa expressão "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" é uma
expressão que está registrada no Salmo 22, versículo 1. Jesus deve ter
aprendido o Salmo 22 quando era criança. De certa maneira, o Salmo 22 era uma
profecia do que aconteceria na cruz do calvário. Este Salmo começa assim:
"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Salmo 22:1)
O
versículo 2 apresenta outro clamor de tristeza e solidão do salmista; e o
versículo 3 explica:"Contudo tu és santo..."(Salmo 22:3)
Quer
dizer que Deus abandonou seu Filho porque Deus é santo? Se você ler Habacuque
capítulo 1, versículo 13 talvez entenda melhor o que estou dizendo. Esse
verso diz assim: "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a
opressão não podes contemplar..." (Habacuque 1:13)
Agora
juntemos as peças para formar o quadro. Antes de mais nada, é preciso saber
que na cruz do calvário o Senhor Jesus estava pagando o preço do pecado. Do
pecado de quem? Do seu, do meu, do pecado de todos os seres humanos de todos
os tempos; todos os pecados havidos e por haver, todos os pecados imaginados,
todos os pecados acontecidos ao longo da história desde o primeiro pecado de
Adão e Eva, até o último pecado que neste momento está sendo cometido. Todos
os pecados; os que serão cometidos amanhã e depois de amanhã; todos os pecados
de todos os tempos, de todos os homens foram depositados nos ombros do Senhor
Jesus quando morreu na cruz. E Habacuque 1:13 disse: "Tu és tão puro de
olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar..."(
Habacuque 1:13)
Meu
amigo, o mais terrível do pecado é a separação que ele provoca entre o
Criador e a criatura. O mais terrível do pecado está retratado na cruz. O
pecado separou Deus, o Pai, de Deus, o Filho. Os olhos do Pai são tão puros
que não podiam contemplar a iniqüidade. "Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste"? "Porque tu és santo", é a resposta que Ele
mesmo dá. O pior do pecado não é o ato em si, o perverso do pecado é a
separação que ele provoca entre Deus e a criatura.
Qual
é o conceito que temos do pecado? O que é pecado? Por favor, não me digam que
o pecado é a transgressão da lei, porque a Bíblia não diz isso. O que a
Bíblia afirma em 1 João 3, verso 4 é o seguinte: "Todo aquele que
pratica o pecado, também transgride a lei: porque o pecado é a transgressão da
lei".(1 João 3:4)
Todo
aquele que comete pecado também infringi a lei. Também. Se eu digo: Senhores,
eu estou hoje também com paletó, quer dizer que antes de estar com paletó eu
estou com camisa, por exemplo. E se o texto bíblico diz: "Todo aquele
que comete pecado também infringi a lei", quer dizer que o pecado antes
de ser transgressão da lei é outra coisa. O pecado não é somente transgressão
da lei. O pecado é algo mais profundo.
Para
explicar isto, eu quero convidar-lhes a fazer uma lista de pecados: matar,
roubar, mentir, adulterar, cobiçar, desonrar o pai e a mãe, enfim. Nós
podemos fazer uma lista enorme de pecados. E o que diriam vocês se eu lhes
dissesse que tudo isto, matar, roubar, mentir, adulterar, tudo isto não é
pecado? O que me diriam? Pensariam que estou apresentando uma heresia? Então,
não o direi. Deixarei que S. Paulo o diga. Aqui na epístola que São Paulo
escreveu aos Gálatas no capítulo 5, versículo 19, vejam o que está escrito:
"Ora, as obras da carne são conhecidas..." (Gálatas 5:19)
Outras
versões da Bíblia dizem: "Porque as obras da carne são
manifestas..." Estar no pecado é estar na carne; estar na carne é estar
no pecado. E Paulo diz que: o fruto de estar no pecado, os resultados, as
consequência são as seguintes. Escutem o que diz em Gálatas 5, versos 19 a
21:
"Ora,
as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia,
idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias..." (Gálatas 5:19 a
21)
Tudo
isto, diz Paulo, é o fruto do pecado.
Amigos,
entendam bem; o ser humano não é pecador porque mata, não! O ser humano mata
porque é pecador. O problema do ser humano não é que matou, e porque matou,
se tornou um pecador. Não! O ser humano é um pecador, e porque é um pecador
acaba matando, roubando, mentindo, adulterando...
Se
o ser humano não fosse um pecador não faria nada disso porque essas são as
obras do pecado, os frutos, o resultado do pecado. Mas nós, seres humanos,
somos muito superficiais em nossa maneira de encarar a vida. Estamos somente
preocupados em não matar, não roubar, não adulterar, não mentir. Estamos
somente preocupados em corrigir os frutos, e não o verdadeiro problema do
pecado.
Vou
fazer uma ilustração. Vamos dizer que eu tivesse um pomar aqui e não quisesse
que meu pomar produzisse laranjas. Só que, bem no centro do meu pomar há um
pé de laranja. Que deveria fazer para que meu pomar não produzisse laranjas?
Há
dois caminhos: o primeiro é pegar um facão e ficar montando guarda dia e
noite embaixo do pé de laranja. No momento que aparecer uma laranja, a corto,
aparece outra laranja, também a corto. Só que vou descobrir que enquanto
estou cortando esta laranja aparecem duas lá em cima; aí subo para cortar
essas e enquanto isso aparecem aqui embaixo mais quatro laranjas. Corro para
cortar estas e cada vez aparecem mais e mais laranjas; e eu corto aqui, lá e
acolá e não acabam nunca; e um dia me canso e digo: é impossível acabar com
as laranjas.
Tem
muita gente hoje que diz que é impossível guardar os mandamentos de Deus; é
impossível viver sem matar, sem roubar, sem mentir, sem adulterar; é
impossível. Claro, estamos querendo que o pomar não produza laranjas cortando
laranjas? Mas há outra maneira mais inteligente de acabar com as laranjas. Em
lugar de estar cortando laranjas, faço o quê? Arranco o pé de laranja. E aí
se acabam as laranjas.
Amigos
queridos, o pecado é o pé de laranja, e os atos pecaminosos, roubar, matar,
mentir, tudo isso, são as laranjas. Nós não podemos concentrar a nossa
atenção simplesmente em cortar laranjas, temos que arrancar o pé de laranja.
Temos que resolver o problema do pecado; não somente as consequências do
problema.
O
verdadeiro cristianismo não é apenas casca. O cristianismo não é
superficialidade. O cristianismo não é fachada. Jesus não veio para que os
homens tivessem uma fachada bonita de homens morais, corretos e bons
cidadãos. Jesus veio para transformar o coração, para limpar a mente, para
corrigir o pecado de dentro para fora, não simplesmente para corrigir por
fora, porque Jesus sabia que transformando o coração e a mente, os hábitos
externos também seriam bons.
E
agora vem a pergunta: Pastor, e se matar, roubar, mentir, adulterar é fruto
do pecado, diga-me então, o que é pecado? É muito simples, se um homem é
justo é porque está em Jesus, que é a Pessoa Justiça. Em que momento o ser
humano se torna pecador? Quando ele se afasta de Jesus, que é a Pessoa
Justiça. O ser humano somente é justo quando está ligado a Jesus, quando está
vivendo em comunhão com Ele, vinte e quatro horas por dia com Jesus, em
comunhão íntima com Ele. No momento em que o ser humano se afasta de Jesus,
se torna um pecador.
Quem
é pecador? Pecador é aquele que está separado de Jesus. Porque pecado é
separação de Deus. Na cruz, Jesus carregava o pecado de toda humanidade e Ele
disse: "Por que me desamparaste?" "Por que não consigo ver? Há
uma parede divisória entre mim e ti."
Pecado
é isso: separação de Deus. E um homem é pecador porque se afasta de Deus.
Mas, existem dois tipos de pecadores: os pecadores que com um pouco de força
de vontade não matam, não roubam, não mentem e guardam os dez mandamentos ao
pé da letra. Querem um exemplo? O jovem rico. Ele é o típico exemplo do
pecador que guardava os dez mandamentos e tinha uma vida moral correta.
Tem
muita gente que pensa que porque guarda os mandamentos já está salvo.
Queridos, é possível guardar mandamentos e estar completamente perdido. O
jovem rico é um exemplo disso.
O
outro tipo de pecador é aquele que vive uma vida moralmente errada e
quebranta todos os mandamentos de Deus. Quer um exemplo? A Maria Madalena.
Mas se eu colocasse diante de você a Maria Madalena e o jovem rico você
pensaria que o jovem rico estava salvo e que a Maria Madalena estava perdida.
Só que diante de Deus, ambos estavam perdidos porque ambos estavam separados
de Deus.
Amigo querido, quando Jesus veio a este mundo, não veio
somente para nos ensinar a guardar mandamentos, Ele veio para nos reconciliar
com o Pai, para trazer-nos de volta. E o propósito da religião verdadeira e
autêntica, é justamente religar. Daí vem a palavra religião. Religião não é
vestir a camiseta de uma igreja, não! Religião é voltar à Jesus. Religar-se
com Deus. Aprender a viver com Jesus vinte e quatro horas por dia. E o dia
que você aprender a viver com Ele verá como sua vida vai ter outra dimensão
completamente diferente, e acabará fazendo a vontade de Deus.
Você
pode estar perguntando, Pastor, como se pode viver com Jesus vinte e quatro
horas por dia? E a que horas a gente come, trabalha ou dorme? Aí está o
assunto: cristianismo não é ir à igreja uma vez por semana, no domingo, ou
sábado, não! Cristianismo não é simplesmente carregar a Bíblia, para que todo
mundo veja, não! Cristianismo não é estudar minha Bíblia de vez em quando.
Cristianismo não é somento orar de manhã e orar à noite, não! Isso tudo pode
ser uma parte do cristianismo. Mas cristianismo é companheirismo permanente
com Jesus vinte e quatro horas por dia.
Levantar
com Jesus, escovar os dentes com Jesus, lavar o rosto com Jesus, tomar café
da manhã com Jesus, entrar no ônibus com Jesus, ir ao trabalho com Ele,
trabalhar com Ele. Comprar, vender com Jesus, estudar com Jesus, namorar com
Jesus, entrar e sair da loja com Jesus, assinar o cheque com Jesus, viver
vinte e quatro horas por dia com Jesus, chegar à noite, tomar banho, deitar e
dormir nos braços de Jesus. Isso é cristianismo.
Agora
diga-me algo: Por que você de repente descobre um cristão que vai à igreja,
que estuda a Bíblia, mas dá calote em todo mundo? Porque ele nunca entendeu o
que é vida cristã; ele pensa que é cristão somente porque se batizou numa
igreja.
Por
que você encontra por aí um cristão que estuda a Bíblia, mas vive brigando
com todo mundo? Por que você acha cristãos que são patrões injustos com seus
trabalhadores? Ou empregados negligentes para seus patrões. Por quê? Porque
não entendeu o que é a vida cristã. Você acha que se Jesus estivesse ao meu
lado, seria desonesto em meus negócios?
Sabe
do que está precisando este mundo? De que Jesus entre e revolucione a vida; é
de que eu entenda que cristianismo é viver com ele vinte e quatro horas por
dia.
Quero
que saiba de algo importante: seu problema não é o homossexualismo, nem a
droga, nem o caráter. Isso tudo é o fruto de seu problema. O seu problema é
que você está longe de Jesus.
Então
venha a Jesus, assim como estiver, abra-lhe o coração e entregue-lhe a vida,
enquanto Sonete canta.
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Oração
Vamos
orar:
Querido
Pai, na cruz foi
revelado a faceta mais perversa do pecado. Teu querido filho, que por amor a nós assumiu nossas falhas e sentiu a separação que o pecado provoca entre o Criador e a criatura. O resultado é triste, é a solidão, a tristeza e a miséria que consome nosso coração. Mas aqui estamos, suplicando-Te que nos recebas de volta e que habites em nós. Aceita-nos Senhor, em nome de Jesus, amém.
Pr. Bullón
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A QUARTA PALAVRA
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